O vazio existencial é uma experiência comum a todos. O que você acha? Reflito que ele não deva ser definido como angustia, tristeza, dor, mas também em alguma necessidade de que falta algo. Ao contrário da falta que como característica subsiste na escassez, o vazio existencial está muitas vezes na abastança, na fortuna, no núcleo do prazer do “não está faltando nada”, ali pode estar o vazio. É possível explicar a falta, mas nem sempre será possível explicar o vazio.
Assim, o ter não garante plenitude de felicidade. Mesmo pessoas extremamente ricas que vemos nas grandes redes sociais e diferentes mídias, não estão isentas da infelicidade, do descontentamento. Então, me parece que quase nada na vida é pleno o tempo todo a não ser o momento que se vive – sim este agora, não o hoje, mas o agora. É nesse sentido que o ter, por mais que se acumule, sempre haverá um sentido, uma busca característica de um desejo incessante.
Do ponto de vista filosófico, Jean-Paul Sartre defendia que “a existência precede a essência”, ou seja, primeiro existimos e, por meio de nossas escolhas no existir, construímos quem somos. À medida que nos analisamos há uma autodescoberta e, as decisões a partir do que descobre moldam nossa essência, e, portanto, nossa história de vida que nos traz eternas necessidades.
Gosto muito de refletir sobre o que Aristóteles afirmava: “a felicidade é o maior bem desejado pelos homens e o fim das ações humanas”. Buscamos constantemente objetivos, mas a natureza do desejo é infinita. Sonhar está intrínseco ao ser humano, pois aquele que se diz não sonhar, ainda assim sonha desejando que assim fosse, pois as contingências que lhe mantém posicionado, podem estar nas consequências que lhes antecedem.
Observa-se, a priori, que o vazio existencial é uma experiência universal, que pode ser enfrentada com autoconhecimento, reflexão e a busca por sentido além do ter. A célebre afirmação de que “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”(Lavoisier), ressalta que não há nada de novo na natureza ou seja, me ocorre que tudo que se é, já se foi. Contudo, penso que a evolução das experiências humanas e das emoções que a acompanham tem o potencial de nos levar a um entendimento mais profundo sobre a nossa própria condição, e isso pode ser de fato transformador.
Pode-se argumentar que a capacidade de reconhecer e enfrentar o próprio vazio existencial é um passo importante para a maturidade emocional, talvez o segredo para atenuar esse vácuo no sentimento humano se finda no contentamento, Mindfulness – estar presente, atenção plena no momento que se vive. Este é um tema amplamente explorado na psicologia, especialmente na Logoterapia, que busca encontrar sentido na vida. O sentido orienta nossas ações e é fundamental para descobrir uma razão para ser feliz. Quando encontramos essa razão, a felicidade pode surgir espontaneamente, funcionando como um antídoto para o vazio existencial, entretanto e contudo, não de forma permanente.
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