Entre a Psicologia e Espiritualidade

SL 42;11 –  Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus.

O que será que o salmista está sentindo? Ele nos sinaliza ânimo abatido, triste. Mas o que deveras pode-se notar, parece uma proposta de diálogo entre ele e o seu eu interior que chamou de alma. “Por que te perturbas dentro de mim?”. Por que está abatida ó minha alma? Nos dias de hoje, diríamos: “ah fala sério, o que está acontecendo comigo?” Perceba que o salmista ainda não recorreu ao seu Deus, não saiu contando para os amigos ou pessoas ao seu redor que não têm nada a ver com e muito menos compreenderiam o dilema. Antes, indagou a si mesmo, examinou-se a si mesmo, em busca de autoconhecimento e respostas que talvez nem soubesse que precisava.

Depois de refletir, porém ainda sem resposta, ele dá uma ordem ao seu interior; ele sinaliza, situa a sua alma e sua angústia para um lugar – espera em Deus. É como se a alma dele estivesse lhe pedindo uma solução, ele, como dono dela, demonstra estar no comando e lhe ordena: espera em Deus. Essa espera não é passiva, mas carregada de expectativa e esperança. Ele busca, assim, nutrir dentro de si a certeza de que melhores dias virão, que a situação atual, por mais desafiadora que seja, não é o fim da jornada.

No Salmo 116, o salmista diz: “laços da morte me cercaram; as angústias do Seol se apoderaram de mim; sofri tribulação e tristeza”. Depois, ele clama ao Senhor: “Ó Senhor, eu te rogo, livra-me”. Ele estava passando por um grande sofrimento. No início deste livro, mencionei como a psicologia surgiu, e sua evolução é notável. Hoje, muitas pessoas ainda não perceberam os benefícios que um acompanhamento psicológico pode trazer às suas vidas, promovendo não apenas alívio em momentos de crise, mas também um entendimento mais profundo de si mesmas.

A psicologia é importante no campo da saúde mental, pois oferece ferramentas para enfrentar desafios emocionais, ajudando a cultivar uma vida equilibrada e saudável. No passado, pessoas como o salmista tinham o ato de falar com Deus como uma prática central em sua vida espiritual. Mas o que mudou espiritualmente hoje? – Nada. Deus ainda é autossuficiente, zelando por nós de forma imutável. No entanto, agora, Deus revelou-se a nós de maneiras novas e diversificadas; além disso, nos trouxe uma expansão da mente e o avanço do conhecimento, contribuindo para o surgimento de homens e mulheres sábios e competentes que ajudam a entender a dinâmica humana, utilizando métodos científicos juntamente aos princípios espirituais.

No passado, a expectativa de vida estava em torno de 42 anos. Aos 40 anos, muitas pessoas já haviam vivido intensamente, enfrentando desafios e doenças que, na ausência de tratamentos adequados, muitas vezes abreviavam suas vidas. No entanto, Deus, em Sua infinita sabedoria, deu ao homem a capacidade de desenvolver a ciência. Isso trouxe avanços significativos, melhorando a qualidade de vida e proporcionando inovações que preservam e prolongam a saúde.

Lembro-me de uma época em que dependíamos de uma simples máquina de escrever; era um tempo em que a comunicação escrita era bastante limitada. Em seguida, surgiu o computador preto e branco, acompanhado da internet discada, um verdadeiro marco que revolucionou a maneira como interagimos e aprendemos. Hoje, vivemos em um mundo onde a tecnologia evoluiu a tal ponto que, se não tomarmos cuidado, a própria tecnologia pode escrever e falar por nós.

O salmista falava com Deus, e essa prática continua sendo essencial. Orar é dialogar com o divino, assume um papel de extrema importância. Figuras como Abraão, Moisés, Davi e Jesus dedicavam-se à oração, estabelecendo uma conexão direta com Deus. Através de Jesus de Nazaré, a oração se tornou um elemento central para uma vida plena, proporcionando sustento e orientação. Apesar de tantos avanços tecnológicos, é fundamental não negligenciarmos o poder de Deus.

A evolução da ciência nos permitiu resolver muitos casos que, na antiguidade, seriam considerados insolúveis. Os tratamentos naturais da Idade Média, que frequentemente envolviam práticas crueis contra pessoas acometidas por enfermidades biopsicossociais e espirituais, são hoje amplamente questionáveis e carecem de humanização. O ato de falar, dialogar com outrem que tem a real capacidade para ajudar na solução, em muitos aspectos, pode prevenir e atenuar crises como ansiedade, mágoas, angústias e depressão.

Hoje, temos acesso a tratamentos que não só visam aliviar os sintomas, mas também promovem a reabilitação e a inclusão social, permitindo que as pessoas tenham uma vida mais plena e significativa. Isso ressalta a importância de continuarmos a pensar sobre as facetas entre a psicologia e a espiritualidade, a fim de conquistarmos avanços ainda maiores na saúde mental, na quebra de tabus entre a religião pensando no bem-estar do indivíduo como um todo.


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