Entendendo a Doença de Alzheimer: Desafios e Tratamentos

A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta predominantemente os idosos. É a forma mais comum de demência e caracteriza-se pela deterioração das funções cognitivas, impactando a memória, o raciocínio, a linguagem e o comportamento; que embora a causa exata da doença ainda não seja completamente compreendida, sabe-se que fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida desempenham um papel significativo em seu desenvolvimento.

Quanto aos desafios do Diagnóstico e Tratamento, por se tratar de um processo complexo, a doença de Alzheimer envolve uma avaliação clínica abrangente, pois muitas vezes, os sintomas iniciais são confundidos com o envelhecimento normal, o que pode atrasar o diagnóstico. Além disso, a falta de biomarcadores específicos e exames de imagem que possam confirmar a doença, torna o diagnóstico ainda mais desafiador. O uso de testes neuropsicológicos, avaliação médica e histórico familiar é fundamental, mas pode ser insuficiente para um diagnóstico preciso em estágios iniciais. 

 Atualmente, não há cura para a Doença de Alzheimer, e os tratamentos disponíveis visam apenas aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença. Medicamentos como inibidores da acetilcolinesterase (donepezila, rivastigmina e galantamina) e memantina são frequentemente utilizados, mas sua eficácia varia de paciente para paciente. Desse modo, apesar de ser considerada incurável, os sintomas do Alzheimer podem ser minimizados, controlados e até mesmo retardados por meio de cuidados e tratamentos médicos. Quanto mais cedo descoberta e tratada, menores podem ser os impactos na vida da pessoa com a doença.

Schilling et al. (2022), em um estudo recente publicado na revista The Lancet Neurology (Diagnóstico da doença de Alzheimer: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia), explora a relação entre a saúde cardiovascular e a Doença de Alzheimer. A pesquisa sugere que fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes e obesidade, estão associados a um aumento na probabilidade de desenvolver a doença. Os pesquisadores notaram que a implementação de intervenções voltadas à saúde cardiovascular pode não apenas reduzir o risco de doenças cardíacas, mas também pode ter um impacto positivo na prevenção da Doença de Alzheimer.

Assim como verificado no material didático, outros estudos também demonstram que doença de Alzheimer (DA), caracterizada pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907, é uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos. Em geral, a DA de acometimento tardio, de incidência ao redor de 60 anos de idade, ocorre de forma esporádica, enquanto que a DA de acometimento precoce, de incidência ao redor de 40 anos, mostra recorrência familiar. A DA de acometimento tardio e a DA de acometimento precoce são uma mesma e indistinguível unidade clínica e nosológica (Smith,1999).

Segundo artigo realizado pela Associação Neurologia Cognitiva e do Comportamento Brasil, Frota (2011), afirma que a demência da doença de Alzheimer tem adicionalmente características como, início insidioso (meses ou anos),  história clara ou observação de piora cognitiva, déficits cognitivos iniciais e mais proeminentes em uma das seguintes categorias: 

  • Apresentação amnéstica (deve haver outro domínio afetado).
  • Apresentação não-amnéstica (deve haver outro domínio afetado).
  • Linguagem (lembranças de palavras). Visual-espacial (cognição espacial, agnosia para objetos ou faces, simultâneo agnosia, e alexia).
  • Funções executivas (alteração do raciocínio, julgamento e solução de problemas). 

O artigo destaca ainda, quanto aos procedimentos que podem ser submetidos os pacientes, tais como a tomografia ou preferencialmente, a ressonância magnética do crânio deve ser realizada para excluir outras possibilidades diagnósticas ou co-morbidades, principalmente a doença vascular cerebral. Outro aspecto importante de ressaltar, segundo a literatura, é que o  diagnóstico de demência da DA provável não deve ser aplicado quando houver:  

evidência de doença cerebrovascular importante, definida por história de AVC temporalmente, relacionada ao início ou piora do comprometimento cognitivo; ou presença de infartos múltiplos ou extensos; ou lesões acentuadas na substância branca evidenciadas por exames de neuroimagem; ou características centrais de demência com corpos de Lewy (alucinações visuais, parkinsonismo e flutuação cognitiva); características proeminentes da variante comportamental da demência frontotemporal (hiperoralidade, hipersexualidade, perseveração); características proeminentes de afasia progressiva primária manifestando-se como a variante semântica (também chamada demência semântica, com discurso fluente, anomia e dificuldades de memória semântica) ou como a variante não-fluente, com agramatismo importante; ou evidência de outra doença concomitante e ativa, neurológica ou não-neurológica, ou de uso de medicação que pode ter efeito substancial sobre a cognição (Frota, 2011,p.5-10). 

 A genética da Doença de Alzheimer (DA) demonstra uma herança complexa, envolvendo vários genes e suas interações com o ambiente. Smith (1999), destaca que devido à diversidade genética da Doença de Alzheimer, que inclui pelo menos cinco ou seis genes principais, é difícil aplicar um único modelo teórico. Breitner (1991), utilizando-se de dados epidemiológicos de mortalidade e morbidade da população norte-americana, estimou que filhos de pessoas afetadas têm 16% de chance de desenvolver Doença de Alzheimer aos 70 anos, 19% aos 80 anos e 50% aos 90 anos. Esses riscos são comparáveis ao que se espera de uma herança autossômica dominante e são 4 a 5 vezes maiores do que os observados em familiares de indivíduos controle (Smith,1999). Atualmente, usa-se como  estratégia, identificar os principais genes responsáveis pela DA, que possam explicar a maioria dos casos desta afecção. 

Portanto, verifica-se que a Doença de Alzheimer é um desafio significativo para a saúde pública, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. A compreensão de suas características, os desafios no diagnóstico e tratamento e as novas pesquisas que emergem sobre a patologia são essenciais para o desenvolvimento de estratégias eficazes de manejo e prevenção. Nesse sentido, o olhar multidisciplinar, que considera aspectos físicos e comportamentais, além da saúde mental, é fundamental para enfrentar essa condição complexa e devastadora. A sensibilização da sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e da promoção de um estilo de vida saudável pode ser um passo vital na luta contra a Doença de Alzheimer.

Assim, a prática regular de exercícios, uma dieta equilibrada e o controle dos fatores de risco cardiovascular são recomendados como medidas preventivas que podem contribuir para a saúde do cérebro e a diminuição da incidência de demência.

REFERÊNCIAS

Breitner JC. Clinical genetics and genetic counselling in Alzheimer’s disease. Ann Intern Med 1991;115:601-6.

FROTA, Norberto Anízio Ferreira et al. Critérios para o diagnóstico de doença de Alzheimer. Dementia & Neuropsychologia, v. 5, n. 1, p. 5-10, 2011.

SMITH, Marília de Arruda Cardoso. Doença de Alzheimer. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 21, p. 03-07, 1999.

SCHILLING, Lucas Porcello et al. Diagnóstico da doença de Alzheimer: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Dementia & Neuropsychologia, v. 16, n. 3 Suppl 1, p. 25-39, 2022.


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